sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Mitos famosos #1 - Histórias do Titanic

Caso você já conheça o Titanic, provavelmente já deve ter ouvido alguma história envolvendo o mistério que foi sua curta "vida", como os músicos que tocaram até o final do naufrágio, o capitão que afundou junto com o seu navio, a famosa frase supostamente dita pelo engenheiro-chefe do Titanic que "nem Deus poderia afundar o navio" etc.. Muitas dessas histórias são representadas através de filmes (como o "Titanic" de 1997, que foi um enorme sucesso de bilheteria), séries e livros, o que faz várias pessoas acreditarem nelas. Mas será que elas são verdadeiras? Vamos descobrir!


Para quem não conhece, o Titanic foi um navio transatlântico construído pela extinta White Star Line e que era o maior de sua época, junto com seu navio-irmão Olympic. Na noite de 14 de abril de 1912 ele colidiu com um Iceberg no Oceano Atlântico Norte afundando duas horas depois matando mais de 1.500 pessoas. O famoso naufrágio rendeu vários filmes (mais de 14 longa-metragens), livros, músicas, documentários e séries, além de numerosas exposições em museus, e claro, inúmeras teorias conspiratórias e boatos que circulam até hoje.

1. "Nem Deus pode afundar este navio"
Uma das mais famosas histórias sobre o Titanic, isso se não for a maior. A suposta frase dita pelo engenheiro-chefe do transatlântico realmente irritou e ainda irrita muita gente nos dias de hoje, o que acaba virando um tipo de "aviso" usado por religiosos para quem ousar zombar de Deus. Imagens como a mostrada abaixo são divulgadas amplamente em redes sociais, inclusive.


Enfim, será que a frase realmente foi dita? Não! Essa frase nunca foi dita, pelo menos não pelo engenheiro-chefe do Titanic. Não há sequer uma fonte confiável que prove que Thomas Andrews (o construtor) realmente disse isso, o que nos diz que é apenas mais um boato que apenas fortalece teorias conspiratórias sobre o navio.

Esse mito se espalhou especialmente após o filme "Titanic" de 1997 mostrar um dos personagens dizendo estas palavras.

Segundo um pesquisador especialista do Kings College em Londres, Richard Howells, a White Star Line nunca afirmou isso, e nunca se falava sobre tal coisa até a divulgação do naufrágio.

Sobre ele ser inafundável, muita gente na época provavelmente acreditava  nisso, já que o Titanic possuía um eficiente sistema de comportas que garantiam ao transatlântico sua tranquila rota até o destino com até quatro compartimentos inundados, porém o acidente com o Iceberg inundou cinco, o que provocou a enorme tragédia.

2. Falta de binóculos para os tripulantes
Outra história que circula até hoje é que os tripulantes que ficavam no cesto da gávea (conectado ao mastro principal, aonde era possível enxergar possíveis obstáculos ao caminho) estavam sem o binóculo na hora da colisão com o Iceberg, o que teria sido fatal.

A história é real! 

Acredita-se que, durante a transferência de última hora que colocou o Segundo Oficial Lighttoller no lugar de David Blair na tripulação, o mesmo acabou deixando os binóculos em um armário de sua cabine que nunca foi ocupada, fazendo com que não se soubesse a real localização do objeto. 

3. A música final
Durante o naufrágio, músicos da primeira classe foram convidados a se apresentarem e tocarem músicas calmas no deck dos botes para tentar acalmar os passageiros. Essa história surgiu após uma manchete publicada no jornal britânico Daily Mirror no dia 20 de abril de 1912 afirmar isto. Não sabemos se isso realmente aconteceu.

A questão fica em aberto, já que livros como "Titanic O Naufrágio", de Leo Marriott, afirmam que realmente os músicos tocaram durante o naufrágio, embora não se tenha uma resposta concreta sobre.

Em relação a última música tocada, a questão também fica em aberto, já que muitos afirmam que tenha sido Nearer, My God, To Thee (Mais Perto de Ti, Senhor) e outros afirmam que tenha sido Autumn (Outono), embora, segundo o livro citado acima, isso tenha sido improvável.

O fato é que no filme A Night To Remember (Somente Deus Por Testemunha, no título brasileiro), de 1958, a banda acaba tocando a música Nearer, My God, To Thee enquanto o Titanic afundava para o fundo do Atlântico, o que inspirou James Cameron a reproduzir a mesma cena em seu filme de 1997, o que fortaleceu o mito.


4. Capitão herói
Não se sabe ao certo o final que o capitão Edward John Smith teve no naufrágio do Titanic, porém chamá-lo de herói é um erro terrível. 

Com uma conversa feita com Joseph Bruce Smay, Smith autorizou que as últimas caldeiras tivessem sido acesas, aumentando assim a velocidade do transatlântico. Mesmo com os inúmeros avisos de Icebergs na região ele não voltou atrás em sua escolha.


Fora isso, segundo Paul Louden-Brown, ele permitiu que os barcos salva-vidas partissem somente com metade de pessoas que sua capacidade comportava. O primeiro bote lançado ao mar havia capacidade para suportar 65 pessoas, porém somente 27 foram levadas nele.

Ou seja, o Capitão do Titanic não foi um herói, mas um dos grandes responsáveis pela grande tragédia que foi o naufrágio do navio.

5. Passageiros da terceira classe proibidos de embarcarem
Filmes e documentários retratando o terror que foi os momentos em que o Titanic estava afundando mostra a rigorosa divisão de classes que era imposta no navio. 

Porém, diferente do que muitos pensam, os portões não estavam lá para impedirem que os passageiros entrassem nos botes em situações de emergência, mas por cumprimento de normas sanitárias dos EUA.

Ou seja, os passageiros não foram proibidos de embarcarem.

Embora dá-se para notar o privilégio que os passageiros da primeira classe tiveram na hora de embarcarem, visto que menos de 1/3 dos passageiros de terceira classe sobreviveram.

Um comentário